Um dos santos mais populares é festejado, hoje, especialmente pelas mulheres que querem casamento
Limoeiro do Norte Há exatos 781 anos morreu um frade, teólogo, conhecido à época (século 13) como uma das maiores referências intelectuais de Portugal. Uma autoridade da Igreja Católica em Roma dissera que ele possuía a "ciência dos anjos". Fernando Martins de Bulhões ficou conhecido como Santo Antônio de Pádua, celebrado hoje na comemoração católica, no Ceará, com grande festa em cidades como Quixeramobim e Barbalha. A fé devota do povo, somada às tradições culturais populares, fizeram do santo um casamenteiro, mas especialmente símbolo de trabalho e humildade.
Ao menos dez cidades cearenses fazem hoje grandes festejos ao padroeiro Santo Antônio. Temo distrito de Aracatiaçu, em Sobral, na Zona Norte; Barro, na região Sul; Aracati (paróquia da praia de Majorlândia), no litoral Leste, dentre outros. De uma forma mais simples, e nem por isso com menos fé, os festejos a Santo Antônio na vila praiana de Majorlândia, em Aracati, foram preparados pela paróquia logo no mês passado, sempre escolhendo temas diretamente relacionados à comunidade. Desde o início do mês, findando hoje, as noites são movimentadas com shows culturais dos jovens da comunidade e comércio tradicional nas barracas.
Santo Antônio é conhecido como o "Santo Casamenteiro", símbolo de trabalho e humildade. Pelo menos dez cidades cearenses comemoram, hoje, com grandes festejos a data dedicada ao padroeiro FOTO: ANTONIO VICELMO
Em Quixeramobim e Barbalha, estão as maiores festas de Santo Antônio do Ceará. A trezena de homenagens teve início já no mês passado (em Quixeramobim), e a luta para a travessia do pau da bandeira em Barbalha tem seu segundo momento mágico hoje, o de encerramento dos festejos.
A expectativa é de que até hoje tenham passado milhares de pessoas nos festejos de Quixeramobim. O dia será de missas na paróquia da cidade, que tem à frente o padre Francisco Sérgio de Oliveira. Mas já teve a Missa do Vaqueiro e shows musicais de louvores cristãos. Neste município do Sertão Central a reverência a Santo Antônio é antiga: existe há três séculos!
Documentário
A festa deste ano, como de anos anteriores, fará parte do documentário "Quixeramobim - três séculos de fé e devoção a Santo Antônio", produzida por Crisanto Teixeira e que poderá fazer parte das provas de reconhecimento da festa como um patrimônio imaterial do Município. A festa de Barbalha já está em processo de tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A 302ªedição dos festejos faz uma homenagem a Luiz Gonzaga, pelo seu centenário de nascimento. E quem for hoje poderá ver o gigante pau da bandeira. Um jacarandá de 2,5 toneladas e 23 metros de cumprimento. Foram um sufoco as 12 horas de trajeto do Sítio São Joaquim até o centro da cidade. A bandeira está lá, anunciando a fé.
O "Santo Casamenteiro" é, por essa alcunha, um dos preferidos das mulheres que gostam de fazer uma fezinha para encontrar ou ser encontrada pelo homem que irá arrebatar seu coração. Simpatias existem muitas, validadas por quem fez e depois casou. O filho que tiver "Antônio" no nome pode perguntar agora para a mãe se houve alguma promessa ao Santo e entenderá o porque do nome.
"Santo Antônio, Santo Antônio/ Meu santinho tão querido/ Quero pedir, em segredo,/Que me arranje um marido". Essas e outras orações fazem parte do rito popular, tão cheio de histórias de alegria depois da intempestiva solidão.
MELQUÍADES JÚNIOR
REPÓRTER
DN ONLINE
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