Unidade de conservação já está sem água e precisa da construção de uma adutora para retomar abastecimento
Aiuaba Há 12 anos que a Estação Ecológica sediada neste Município, na região dos Inhamuns, aguarda duas decisões do Governo do Estado: a desapropriação de uma área de dois mil hectares para ser incorporada à unidade e a construção de uma adutora de 2km para abastecimento de água. Essas duas obras estão previstas em um acordo firmado no ano de 2000, e teriam como objetivo compensar perda de área original da reserva em decorrência da construção do Açude Benguê, pela Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Estado, na região.
O atraso no cumprimento do acordo por parte do governo estadual traz sérias consequên-cias. De acordo com o chefe da Estação Ecológica de Aiuaba, Manoel Cipriano de Alencar, a reserva não tem definição de sua área de entorno, não pode elaborar um plano de manejo e fica impedida de receber recursos do próprio Governo Federal e de instituições internacionais, como o Banco Mundial (Bird).
Há também a impossibilidade de cercar a unidade e a segurança da área permanece precária. "Não podemos elaborar o plano de manejo porque não temos definição da área, e o prazo para apresentar esse projeto termina em cinco anos, contados a partir de dezembro de 2010", observou Alencar. "Se esse plano não for concluído, a área de entorno passa a ser zero".
Abastecimento
O chefe da estação explicou que não há possibilidade legal e técnica de se abrir mão do acordo firmado em 2000. "A incorporação da nova área e a construção da adutora foram condições indispensáveis para que o Ibama concordasse, na época, com a construção do Açude Benguê, cuja bacia ocupou terras da estação, cerca de 200 hectares".
O reservatório foi construído para assegurar o abastecimento da cidade de Aiuaba. Alencar contou que já foram feitos vários esforços com o objetivo de obter a decisão governamental.
"É uma questão de Estado e de decisão política", observou. "O acordo foi firmado entre órgãos públicos representativos, o governo estadual e, na época, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), mas, infelizmente, uma das partes ainda não cumpriu".
Desapropriação
De acordo com Manoel Alencar, os proprietários de terras do entorno da reserva são favoráveis à desapropriação porque, na situação atual, eles também não podem fazer determinadas obras e serviços, impedidos pela legislação vigente porque as áreas são vizinhas da estação ecológica.
"Esses proprietários preferem sair e adquirir novas áreas", explicou. "Técnicos do Estado já estiveram reunidos com essas famílias e fizeram levantamentos", completou.
A Resolução 428/2010, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), reduziu de 10km para três quilômetros o perímetro que define o entorno de uma reserva ecológica.
A estação é abastecida por carro-pipa do Município de Aiuaba, após determinação judicial. "Tivemos que ir para a Justiça para assegurar o nosso abastecimento de água, porque os poços secaram mesmo, em uma profundidade de 100 metros", explicou Alencar. A adutora de dois mil metros seria a solução para a crise de desabastecimento a partir do Açude Benguê.
A Estação Ecológica de Aiuaba vive a expectativa de que o acordo firmado seja cumprido. A Assessoria de Imprensa da SRH esclareceu que o processo foi encaminhado para a Procuradoria Geral do Estado (PGE) para análise e definições acerca das desapropriações previstas no acordo firmado com o Ibama e que aguarda resposta do órgão.