As duas equipes tiveram dificuldades no início da competição, mas mostraram que camisa não pode ser desprezada:
Neymar é novamente a principal esperança do Santos Santos e Peñarol, que começam a disputar o título da Taça Libertadores 2011 nesta quarta-feira, às 21h50m (horário de Brasília), no estádio Centenário, em Montevidéu, provaram que times de camisa, de tradição, jamais podem ser dados como mortos. Rivais históricos, as duas equipes sofreram para chegar à decisão. No meio do caminho, foram consideradas cartas fora do baralho. Mas persistiram, lutaram, renasceram. As camisas pesaram. Agora, se encontram na final da competição mais cobiçada do continente, como em 1962, quando o Peixe, de Pelé, Pepe, Zito e Coutinho, conquistou a América pela primeira vez, justamente sobre os uruguaios. O jogo de volta será quarta-feira que vem, dia 22, no Pacaembu, também às 21h50m.
O Santos começou a competição marcando passo. Não venceu nenhum de seus três primeiros jogos (empates com Deportivo Táchira-VEN, Cerro Porteño-PAR e derrota para o Colo Colo-CHI). Só conseguiu o primeiro triunfo na quarta partida, dando o troco nos chilenos: 3 a 2. Após vencer este duelo, o Peixe foi a Assunção precisando vencer o Cerro. Nem empate servia. Para um time que começou a competição como favorito, ser eliminado ainda na fase de grupos seria uma humilhação. Pois foi lá e venceu, com atuação magistral de Paulo Henrique Ganso, e arrancou para a decisão. Nos mata-matas, mostrou estilo copeiro: fechado na defesa e objetivo no ataque, não perdeu nenhum jogo nas oitavas, quartas e semi. Com Neymar em fase mágica, voltou a ter status de favorito.
O Peñarol também teve caminho tortuoso na fase de grupos. Foi goleado pela LDU-EQU (5 a 0) e pelo Independiente-ARG (3 a 0). Ainda assim, conseguiu se classificar em segundo lugar no Grupo 8. Nas oitavas de final, empatou em casa (1 a 1) com o Internacional. Foi dado como eliminado. No Beira-Rio, porém, surpreendeu ao vencer por 2 a 1. Nas quartas, contra o Universidad Católica-CHI, e nas semifinais, diante do Vélez Sarsfield-ARG, também se classificou graças a gols marcados como visitante. Aliás, no confronto com os argentinos, um roteiro de filme. Após vencer em Montevidéu por 1 a 0, o Peñarol jogava por um empate em Buenos Aires. Não jogou atrás e abriu o placar. Logo, porém, levou a virada e só não perdeu a vaga na final porque o atacante uruguaio Santiago Silva, do Vélez, chutou um pênalti para fora. O jogo terminou 2 a 1 para o Vélez, que precisava vencer por dois gols.
Os dois times têm história de sobra. Em campo, serão sete títulos de Libertadores (dois do Santos e cinco do Peñarol) e cinco mundiais (dois dos brasileiros; três dos uruguaios).
O GLOBOESPORTE.COM acompanha todos os lances em Tempo Real, com vídeos exclusivos. A TV Globo e o SporTV transmitem ao vivo para todo o Brasil. O trio de arbitragem é paraguaio. Carlos Amarilla apita, auxiliado por Nicolas Yegros e Rodney Aquino.
O QUE ESTAR EM JOGO:
Santos: busca seu terceiro título continental, que tornaria a geração de Neymar a mais importante da história alvinegra depois da Era Pelé. O Peixe bateu na trave em 2003, quando Diego, Robinho e seus companheiros caíram diante do Boca Juniors.
Peñarol: pentacampeão continental, a equipe aurinegra busca o título para consolidar a retomada do futebol uruguaio, que viveu anos de ostracismo e começou a ressurgir com a geração de Diego Forlán, que levou a Celeste às semifinais da Copa do Mundo do ano passado, na África do Sul.
ESCALAÇÕES:
Santos: o técnico Muricy Ramalho tem vários problemas para formar a sua equipe. O zagueiro Edu Dracena cumpre suspensão automática por sua expulsão contra o Cerro Porteño, nas semifinais. O capitão santista será substituído por Bruno Rodrigo. Os laterais Jonathan e Léo estão lesionados, assim como o meia Paulo Henrique Ganso. Pará substitui Jonathan e Alex Sandro entra na vaga de Léo. A escalação foi confirmada pelo treinador após o treino no Uruguai, na noite da última terça-feira: Rafael, Pará, Bruno Rodrigo, Durval e Alex Sandro; Adriano, Arouca, Danilo e Elano; Neymar e Zé Eduardo.
Peñarol: Sem jogadores machucados ou suspensos, o técnico Diego Aguirre manterá a formação que vem utilizando nos últimos jogos: Sebastián Sosa, Alejandro González, Carlos Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Matías Corujo, Luis Aguiar, Nicolás Freitas e Matías Mier; Alejandro Martinuccio e Juan Manuel Olivera.
FIQUE DE OLHO:
Santos: Neymar é o astro da companhia santista. Cobiçado por gigantes da Europa, convocado para ser protagonista da Seleção Brasileira na Copa América, em julho, o craque é o centro das atenções. Rápido, habilidoso, inteligente e artilheiro, é o jogador sobre quem os santistas depositam suas esperanças.
Peñarol: Martinuccio é o jogador a ser marcado pelos santistas. Habilidoso e de boa visão de jogo, o meia é quem desafoga a equipe. Chega bem à frente e também faz gols.
O QUE ELES DISSERAM:
Muricy Ramalho, técnico do Santos: “O Peñarol é um time de camisa, tradição, chegou com moral à final e será um adversário duríssimo. Mas nós também temos nossas qualidades e vamos em busca do título”.
Diego Aguirre, técnico do Peñarol: “Neymar é um grande jogador, mas não é o único. O Santos tem outros importantes futebolistas que merecem toda nossa atenção”.
NÚMEROS E CURIOSIDADES:
*A decisão de 1962, entre Santos e Peñarol, precisou ser disputada em três jogos. No primeiro, em Montevidéu, vitória santista por 2 a 1. Na volta, na Vila Belmiro, os uruguaios venceram por 3 a 2. A finalíssima foi disputada em campo neutro: o estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. O Peixe venceu por 3 a 0.
* O segundo jogo da decisão, na Vila, foi bastante polêmico. Apenas 51 minutos foram jogados porque o árbitro chileno Carlos Robles, alegando problemas de segurança (uma garrafa atirada das arquibancadas acertou o bandeirinha), encerrou a partida quando os uruguaios venciam por 3 a 2. O problema é que, temendo por sua integridade física, ele continuou a partida após atendimento ao auxiliar. O Peixe empatou, com Pagão, e a torcida deixou o estádio comemorando o título. Só no dia seguinte é que os torcedores souberam que o complemento da partida e o gol de empate não valeram nada. O árbitro só considerou o que aconteceu até a agressão a seu auxiliar.
* Esta é a quinta vez que o título da Taça Libertadores é decidido entre brasileiros e uruguaios. Por enquanto, empate: 1961: Peñarol x Palmeiras (1x0 e 1x1); 1962: Santos x Peñarol (2x1; 2x3 e 3x0); 1980: Nacional x Internacional (0x0 e 1x0); 1983: Grêmio x Peñarol (1x1 e 2x1).
* Computando apenas jogos de Libertadores, Santos e Peñarol se enfrentaram seis vezes, com três vitórias para cada equipe. No geral, foram 20 jogos, com sete vitórias uruguaias, quatro empates e nove vitórias santistas.
ULTIMO CONFRONTO:
Santos e Peñarol se encontraram pela última vez no dia 26 de setembro de 1996, pela extinta Supercopa dos Campeões da Libertadores. O jogo foi disputado no estádio do Ibirapuera, pois a Vila Belmiro estava fechada para reforma do gramado. O Alvinegro venceu por 3 a 0, gols de Sandro, aos 8, Vagner, aos 19, e Alessandro, aos 32 minutos do segundo tempo. O Peixe jogou com: Sérgio, Anderson Lima, Sandro, Narciso (Jean) e Marcos Adriano; Marcos Assunção, Carlinhos, Vagner e Robert; Jamelli (Camanducaia) e Alessandro. Técnico: José Teixeira. Já o Peñarol teve: Navarro, Gutierrez, Henrique De Los Santos, Lima e Adinolfi; Tais, Pereira e Gonzalo de los Santos; Bengoechea (González), Pacheco (Rodríguez) e Sosa (Rotundo). Técnico: Jorge Fossatti.
FONTE: GloboEsporte.bom