terça-feira, 15 de maio de 2012

Número de assassinatos no Ceará aumenta 24%


Os números lembram cenário de guerra. Entre janeiro e abril deste ano, 1.095 pessoas foram assassinadas no Ceará, uma média de nove por dia. Comparando com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados 878 homicídios, houve um aumento de 24% no número de casos. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

Em Fortaleza, o percentual de aumento foi semelhante: 23%. A Capital registrou 507 homicídios nos quatro primeiros meses de 2012 contra 409 no mesmo período do ano passado. Os bairros com maior número de assassinatos este ano foram Jangurussu/Conjunto Palmeiras, com 33 casos, e Barra do Ceará, com 27 ocorrências (ver quadro).

O ranking dos bairros mais violentos foi feito pelo O POVO a partir de dados disponibilizados no site da SSPDS. A reportagem também consultou os registros das ocorrências na Coordenadoria de Medicina Legal - o antigo IML - e constatou que não houve um único dia de 2012 sem assassinatos no Estado. “Há pesquisadores que denominam essa situação (número elevado de homicídios) como uma pandemia, ou seja, um problema estrutural que foge do controle do poder público”, explica o sociólogo Ricardo Moura, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (UFC).

O comandante geral da PM no Ceará, coronel Werisleik Matias, diz que o aumento no número de homicídios é por “um problema atípico”. Ele cita que houve um pico de assassinatos em janeiro de 2012, quando os militares estiveram em greve. “Os números despontaram de uma maneira ruim por causa disso. Mas o ano ainda não acabou. A gente quer terminar com redução (no índice de homicídios)”.

Os dados divulgados pela SSPDS mostram que houve aumento no número de assassinatos em todos os meses de 2012, tanto na Capital quanto no Estado. “Aumentou por conta das execuções vinculadas ao tráfico de drogas”, afirma o comandante. Ele estima que 75% dos homicídios tiveram essa motivação.

Segundo o coronel, a PM pretende investir mais no trabalho de inteligência para tentar reduzir os homicídios. Ele também promete incrementar as equipes do Raio (Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas) com mais 100 motos. “Vamos intensificar o número de abordagens nas ruas”, comenta Werisleik, acrescentando que a Polícia tem apreendido mais armas.

O diretor-adjunto da Divisão de Homicídios, Franco Pinheiro, reconhece que o trabalho na unidade está sobrecarregado por causa do crescimento no número de homicídios. “Agora, não basta o trabalho policial. O problema é bem mais complexo, passa por outras medidas, como programas sociais”.

ENTENDA A NOTÍCIA

Reduzir o número de assassinatos no Ceará é um desafio para a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, que, até então, só vinha divulgando dados positivos sobre esse tipo de crime.

NÚMEROS

1.095

É o número de homicídios no Ceará este ano (até abril)


507

É o número de homicídios em Fortaleza este ano (até abril)


O POVO

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